Cataversos - 1 ano de (in)ventos poéticos

por Carlos Elvin



Há quem diga que "foi amor a primeira poesia".
Disse-me-disseram a parte, o que todos confirmam mesmo é que após o encontro propiciado pela oficina de poesias Exprima-Me, no Sesc-Tijuca, "aqueles três não se largaram mais"...

- Começamos a nos encontrar de duas a três vezes por semana, foram muitas conversas, muitas idéias, líamos nossas poesias um para o outro, buscávamos correlações, a gente queria montar um projeto, alguma coisa diferente, trabalhar artisticamente uma apresentação de poesias -conta Marcelo.

Nascia o grupo Cataversos – (In)venta Poesias, formado por Alex Topini, Diego Tribuzy e Marcelo Felippe, que agora em setembro comemorou um ano de vida, com o propósito artístico de investigar linguagens e experimentar formas do fazer poético, trabalhando na dramatização performática das suas poesias, colaborando na construção de novas ferramentas para o exercício da poesia falada, contemporânea e urbana.

- Os primeiros encontros se deram em julho, mas nossa primeira apresentação foi em setembro, daí escolhemos esse mês para aniversário do grupo.
A característica marcante do Cataversos reside no fato do grupo além de assinar texto e direção artística do seu próprio trabalho, também se propor à auto iluminação no palco, através do uso de lanternas, velas, flashs, neon, dentre outros artifícios luminosos, alternando penumbra e breu total, operando cortes seqüenciais, estruturando suas apresentações, assim, através de uma edição viva.

- O desafio era, de um lado, criarmos uma apresentação dramatizada de poesias, que tivesse um mínimo de rigor e elaboração estética, e do outro, nos criarmos enquanto um grupo, com uma identidade, um diferencial, um recorte bem definido, afirma Alex.

Quando perguntados sobre a convivência e o trabalho em grupo, é o Diego quem dispara:
- Somos pessoas muito diferentes, e até mesmo com poéticas muito diferentes, eu diria, mas ligadas pelo desejo comum de fazer um grande trabalho, algo que nos envaideça mais ainda do que já somos(risos).
- E todos nós somos extremamente críticos em relação ao grupo, a performance, estamos sempre mais insatisfeitos do que o contrário, temos referências e trajetórias diferentes, eu mesmo até bem pouco tempo só me apresentava como músico...confidencia Marcelo.
- Sempre alguma coisa é abandonada, descoberta ou reelaborada a cada apresentação, já nos apresentamos umas quinze vezes, e nunca foi igual, e quando digo que nunca é igual, estou falando de forma objetiva, a performance sempre muda em alguma coisa na sua estrutura...conta Alex.
- É, ficamos praticamente um ano criando e recriando um mesmo quadro...por mais que a cada nova apresentação muita coisa estivesse diferente...acho que agora, por mais que sempre haja pequenas mudanças, ou partimos dele para uma coisa maior, uma segunda parte, ou começamos um novo trabalho do zero, pontua Diego.

Eles estão se referindo a performance Versos na Câmara Escura, que se desenvolve numa progressão quadro-a-quadro, através de uma seqüência de cortes propiciados pela alternância plástica entre a penumbra e o breu.
São evocados, através das poesias, temas ontológicos da condição humana, como a existência, a solidão, o amor e a morte.
Numa perspectiva híbrida, temos um teatro de imagens, sons e palavras, articulados através de contrapontos e interpenetrações do jogo poético, expostos/sub-expostos na tênue fronteira entre a luz e a sombra.

O Cataversos se apresentou recentemente no teatro Carlos Gomes, participando do Mercadão Cultural - Festival Nacional de Esquete e Performances, e no dia 20 de dezembro se apresentará na Casa França Brasil,por ocasição da abertura da exposição dos trabalhos premiados no projeto UniversidArte.
Ainda esse ano a performance Versos na Câmara Escura será apresentada também no Sobrado Cultural, no Festival da Primavera, na PUC, e na Mostra Livre de Arte(MoLA) do Circo Voador.

- Um ano de grupo se foi. É um momento de alegria, mas também de balanços. Queremos criar e nos recriarmos permanentemente... estamos amadurecendo, experimentando e pesquisando.. e cada coisa que aprendemos sempre põe em crise o que fazemos... vejo mais embasemento crítico do grupo em relação ao trabalho que desenvolvemos, chegou a hora em que só intuição e bom senso não são mais suficientes, coloca Alex.
- Até o final do ano vamos continuar apresentando a performance Versos na Câmara Escura. Vamos lançar ainda nossa logo e o site Cataversos, e se der, nosso primeiro livreto conjunto e um cd com nossas poesias que integram essa performance, musicadas, sonorizadas, com a banda Mysticow, que nos acompanha no palco. Tudo isso está em andamento, apesar dos mil compromissos de cada um de nós. Se encerrará um ciclo, depois nem nós mesmos sabemos bem ao certo o que será, revela Marcelo.
Amigos e fãs do grupo aguardam ansiosos pelas novidades anunciadas, como o livreto, site e cd.
Que o Cataversos resista ao tempo, a todas dificuldades encontradas por um projeto que segue sem apoio institucional ou mesmo patrocínio, sem sequer possuir um local adequado para ensaios.
Parabéns ao grupo, e que daqui a um ano possamos dizer dois, e depois três, e quatro e mundo a fora (in)ventos de poesia.

3 Comments:

At outubro 18, 2006 8:16 PM, Anonymous Anônimo said...

lindosss

 
At outubro 28, 2006 6:46 PM, Anonymous Anônimo said...

Tudibão!!!

 
At janeiro 17, 2011 5:29 PM, Blogger Fanzine Episódio Cultural said...

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