Prosa



Lapa
por Rodiney da Silva e S. Jr.


Numa palavra: imprevisível. Como o homem, imprevisível. Quando menos se espera a luz do sol perpassa os seus Arcos, assim como a noite, a luz da lua ou dos holofotes cegam os olhos de seus mendigos querendo descanso, de suas putas e travestis querendo dinheiro, de suas meninas da zona sul querendo homem, de cancioneiros vadios que saem da boca de boêmios saudosos dos vadios dos 19.
Enquanto todos os recantos e cantos desta cidade dormem, ela está acesa, acordada, qual guarda noturno com insônia. Seus cavaquinhos zunem pelas paredes cansadas, que já têm a mostra tijolos centenários. Os bambas e sambas ressoam pelas ruas e pelas bocas de sedentos homens e mulheres que buscam em suas entranhas o vício que nos faz continuar aqui.
As ruas que jorram dos seus Arcos oferecem delícias para o de gosto até mais requintado. Carros, ônibus eternos vão e vem. Pessoas eternas frequentam. É como se seu céu fosse feito de película eterna, que não se desfaz. Sua lua é de textura e de tinta interminável. Sua treva é tão viva qual dum inferno sem Deus e sem diabo. Suas ruas sorriem com a contemporaneidade, mas, as vezes, derrama uma lágrima pueril e saudosa dos Mallets, dos Olavos, dos Raimundos, dos Joãos e Marias de outrora. Mas, qual uma deusa Phoenix, renasce. E nesse renascer permanece a mesma. A mesma e velha Lapa.

1 Comments:

At setembro 08, 2006 4:51 PM, Anonymous Anônimo said...

maravilhoso

parabens

 

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