Poesias

CABEDAL
Quanto ainda me resta?
Um minuto e uma saudade
Um livro não escrito
E meia dúzia de idéias...
Pilhas de contas p’ra pagar
Um crédito na locadora
Um CD no porta-luvas do carro
Que não pude ter...
Uma dúzia de amigos
E frutas na geladeira
Um terno amarrotado
E uma bainha por fazer
Um par de sapatos italianos
E um surrado da Adidas...
Quanto ainda me resta?
Três congelados no freezer
Meio grau de miopia
E um jogo de copos de cristal...
Um calendário de 89
Um álbum de fotos de família
Sem cabedal...
Duas almofadas
Uma Montblanc e uma caixa de grafites
Sete cartas de amor
E um destinatário incorreto...
Quanto ainda me resta?
Um tapete persa Tabacow
Meia garrafa de sidra
E uma aliança de noivado...
Uma agenda de amigo oculto
Um telefone de disco
E o eterno esquecimento...
David Cohen
Ser Latino
Sou um amante latino
latindo em seu ouvido
e criado por ti
Sou um pedaço de terra invadido
delineado estrategicamente
e explorado até hoje
Sou fruto do vosso ventre (Jesus)
fruto da tua exploração
Criatura contra o criador
caricatura do ser primitivo
moreno e primitivo
sedutor e primitivo
promíscuo e primitivo
Sou um amante latino
latindo em seu ouvido
e criado por ti
Sou um pedaço de terra invadido
delineado estrategicamente
e explorado até hoje
Sou fruto do vosso ventre (Jesus)
fruto da tua exploração
Criatura contra o criador
caricatura do ser primitivo
moreno e primitivo
sedutor e primitivo
promíscuo e primitivo
Diego Tribuzy
Me depilei toda para voce, o rosamatizado do meu desejo,
Camuflado vermelho chamador das lambidas profundas.
Não me arrumo para quem conheço. não acerto.
Sou eu, desleixada e aflita que faço a mira e acerto.
Atração indiscreta que cerceia a razão com lampiões coloridos.
Lampiões e velas.
Vela quente como a sua. Pele branca, carnuda. Pescoço morder.
Lembro o coito de ontem.
Sê futuro inescrupoloso, me reviraria zombeteira circense.
Desaceleraria para os suores grudarem.
O pulso ululante, calmaria no auge,
adiando a chegada do trem na estação.
Camuflado vermelho chamador das lambidas profundas.
Não me arrumo para quem conheço. não acerto.
Sou eu, desleixada e aflita que faço a mira e acerto.
Atração indiscreta que cerceia a razão com lampiões coloridos.
Lampiões e velas.
Vela quente como a sua. Pele branca, carnuda. Pescoço morder.
Lembro o coito de ontem.
Sê futuro inescrupoloso, me reviraria zombeteira circense.
Desaceleraria para os suores grudarem.
O pulso ululante, calmaria no auge,
adiando a chegada do trem na estação.
Maristela Trindade
INSANAMENTE EU
Insanamente louca
Me lancei dentro do abismo
Me sonhei voando vento
Ventania bêbada
Brincando de cambalear
Pelo meio-fio do ar.
Insanamente livre
Resolvi deixar de ser
Simplesmente entregar-me
À ação de não ser
Mas troquei algumas bolas
Perdi alguns parafusos
Entortei-me, retorci-me
Resolvi voltar a ser
Agora um ser mais torto
Talvez algo menos morto
Mais ser eu do que não ser.
Insanamente torta
Desengonçada, na calçada
Dançando passos vacilantes
O pescoço inclinado
Torcicolo até no pé
Um enjôo de ressaca
A cabeça dolorida
E o mundo girava
E eu Eu apenas me deixava
Me voava vento
Me entortava louca
Insanamente louca
Insanamente torta
Insanamente vento.
E assim, O abismo me sorriu
E eu enlouqueci em paz.
Me deixei enlouquecer
Como tinha que ser.
Insanamente eu.
Giulia Drummond Battesini
Da roça marginal
Quero assim
a palavra rural,
parcela vulnerável e
terrestre
mas em essência
plural
Complexada e irrequieta
como aqueles
velhos sem
paciência
de sentimento ventre
Sincera
enquanto diferente
Desatenta
em repetida
reminiscência
Fosse couro,
Fosse força
Fosse fácil
Fóssil ou fosso
Qualquer parada
natural
Talvez
lama
lavra
gama
Inda que fértil
e defeituosa
livre-débil e prosa
Quero-te terrorista
e abismal
Que una
os sentidos repelidos
da palavra pênis
ao palavrão pau
Quero assim
a palavra rural,
parcela vulnerável e
terrestre
mas em essência
plural
Complexada e irrequieta
como aqueles
velhos sem
paciência
de sentimento ventre
Sincera
enquanto diferente
Desatenta
em repetida
reminiscência
Fosse couro,
Fosse força
Fosse fácil
Fóssil ou fosso
Qualquer parada
natural
Talvez
lama
lavra
gama
Inda que fértil
e defeituosa
livre-débil e prosa
Quero-te terrorista
e abismal
Que una
os sentidos repelidos
da palavra pênis
ao palavrão pau
Caio Carmacho
Cordel da Mulher...
Homenageio à Mulher
Homenageio à Mulher
E faço deferimento
A mulher é nossa luz
Estrela do pensamento
Uma galáxia infinita
Nas ondas do firmamento...
Sem mulher não tem História
Sem mulher não tem História
Nem vida nem nascimento...
Da mulher nasceram deuses
E o Deus do sentimento...
Nasceu Buda, Jesus, Zeus
E muita gente de talento...
A mulher é a semente
A mulher é a semente
Que germina a humanidade...
Dá mulher brota o homem
Fecunda a sociedade...
Sem mulher não se tem graça:
Se tem mulher...
há liberdade...
Da mulher nasceu o Cristo
Da mulher nasceu o Cristo
Gandhi, Lennon, Maomé
Santos Dumont, JK
Castro Alves e Pelé
A mulher faz a História:
Com amor, trabalho e fé...
Da Mulher tudo provém:
Da Mulher tudo provém:
Até mesmo a divindade
Desconfio que o Deus
Tenha feminilidade
Na costela da mulher:
Nasce a felicidade...
No umbigo da mulher
No umbigo da mulher
Germina a panacéia
No olhar da Pitonisa
Na boca de Almathéia
Na coração do planeta:
Palpita a alma de Rhéa...
Salve a mulher todo sempre
Salve a mulher todo sempre
Todo hora, dia e ano
...Na mulher eu me inspiro
Nas sereias do oceano
Nas Amazonas dos rios:
Mulher em primeiro plano...
Nota 1000 às mulheres
Nota 1000 às mulheres
Por tudo o que elas são
A Mulher é Natureza
É a beleza em ação
A Eternidade é Mulher:
Num infinito coração...
Gustavo Dourado
PARATIPSILONE
CÉU MUTANTE ROYAL ESPELHADO ESPELHANDO
UM NIGERIANO CANTANDO EM INGLÊS
RIMANDO O RAP DO SOL QUE NASCIA
ENQUANTO BEIJOS SOAVAM COMO CINEMA
TODO MUNDO ERA BONITO NAQUELE LUGAR-MOMENTO
FANTASIANDO CAIPIRINHAS DE MORANGO
ESCREVENDO UM FILME QUE VIROU FOTONOVELA
PESSOAS INTERROMPIAM SEUS JANTARES
LOUCOS GRITAVAM POESIA INTERPELANDO OS GARFOS
OUVIR A POESIA ALHEIA...
DESACOSTUMADOS, ANORMAIS, SUBLIMES...
"POETRY IN THE TREE, DANIEL!"
ARARAS COR-DE-ROSA ACOLHIDAS NO CHAPÉU
COCO VERDE, CHAPÉU-COCO, ÁGUA QUE ARDE
PAREDES BRANCAS
A HISTÓRIA
FOTOS PASSANDO
UM FILME É UMA SEQÜÊNCIA DE FOTOS
INEBRIADOS DE COQUEIRO
A PEQUENA ENVELHECIDA
INEBRIADOS DE POESIA
PALAVRAS ETÍLICAS, ENCONTROS COM O ACASO
DO ACASO, POR ACASO, PARA O ACASO
TRISTE OCASO AGORA
BONECOS FAZIAM CIRANDA EM PRAÇA PÚBLICA
E A REPÓRTER TREMIA DE TIMIDEZ E SUSTO
CONCORDO COMIGO...
A POESIA É MAIOR QUE O COMETA HARLEM
Felipe Cataldo
3 Comments:
"A POESIA É MAIOR QUE O COMETA HARLEM" e o piano é, definitivamente, um instrumento difícil de carregar...
Valeu pelo espaço bicho.
Aquelabraço!
gostei muito do poema "insanamente eu", pois mostra as perturbações e impressões q o eu-lírico tem do mundo por estra num estado alterado de consciência.. amei! essa menina através do ritmo nos mostrou tb a angústia sofrida pela personagem em seus questionamentos filosóficos.. foda. simples assim.
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