Poesias





TODAY, THAT’S THE QUESTION

a forma fixa: o conteúdo não
a mente é livre, o pensamento inquieto
e exposto a mais esta contradição
cometo – extemporâneo- outro soneto.

o que me trouxe o uso da Razão
não sei dizer se é bom ou mau, exceto
que me arranharam fundo o coração
uns versos íntimos, um mal secreto.

nunca aceitei o Tempo que me coube
ou por erro escolhi – e ser barroco
parnasiano, moderno, pop, concreto

no meu to be or not eu nunca soube:
a Vida, com seu desconcerto louco,
não cabe mais na cela de um soneto.

Aldemar Norek



Oculto.

O culto do não-dizer,

Silêncio:

segredos?

Inconfessáveis.

Oculto.
O poder de lançar
No ar
Só dúvidas.

“E se eu pudesse entrar na sua vida....”

E se eu pudesse desvendar?

Bruna Maria




COMPASSO BRASILEIRO

No compasso brasileiro
estão presentes
a sanfona e o pandeiro
a modinha, o chorinho,
a música de barbeiro.
Pro compasso brasileiro
o índio trouxe o flautim e o caxixi
o português o cavaquinho
o negro trouxe o agogô
tudo música que cura
feito boticário ou doutor.
Tem na flauta de bambu
no tambor de caxambu.
até na caixa-de-fósforos
tem compasso brasileiro.
Tocada com muita manha
tem o corte de bumbo
tirado na lata de banha.
Falando de tambor
temos tudo quanto é tamanho
o candongueiro e o batá-cotô
vindos de Angola e do Congo
com os ancestrais do meu avô.
O cavaco de cinco cordas,
e a viola de arame,
o violão de sete cordas
em andamento bem certeiro
ponteia novo compasso
alinhavado no pandeiro,
esse é o compasso brasileiro.

Euclides de Amaral



Quando Canto

Estes versos vêm e vertem
Sangue suor e sêmen

As horas passam e somem
Pra nunca mais sempre menos

As palavras se perdem
E morrem e evanescem

Você, voyeur, não vai ver
A lágrima desta página

Cairo Trindade


Há dias

Há dias
que de tanto o Sol brilhar
obscureço

Há dias
que dos brindes a saudar
eu convalesço

Há dias
que florescem
e me despetalo

Há dias que me calo.

Beatriz Tavares

Qualquer coisa bela
(um livreto de rua à ser impresso)
Há vida pulsante neste cadáver
E a sombra dança libidinosamente.
Os olhos deles são quais chamas
Ou flores tremeluzentes no breu.
Os que eu não conheço se escondem
Atrás de esquinas do futuro.
Intactos, na hora fria da noite
Ouvindo meus passos chegarem.
Tudo que não me existe ainda
Parece estar lá fora em algum lugar.
Esperando pelo sol presente
Revelando-se pouco à pouco.

Thiago Oliveira do Nascimento


ENCONTRO ( VELHAS AMIZADES)

A grata satisfação
Encontrar amigos
Amigos queridos
Amigos perdidos
Perdidos no tempo ,na memória.
Ver no encontro
A dúvida ,o olhar ,a luz
Sentir-se entre abraços e sorrisos
Deixar a emoção emancipar-se do peito
Restos de saudade
Pingos de lembranças
Com os olhos rasos d´água
O prazer de ouvir comovido
Uma voz rememorando seu nome
E perguntar : como é que vai?

Amantá-lo com olhar
Sentir em sua aparência
Se a safada da vida
Na inexorabilidade do tempo
Passou-lhe uma rasteira
Mantendo seu jugo (pesado fardo)sobre seus ombros
No arrastar da idade
Repercutindo em espaçados fios de cabelos.

Amigo...
Não tenho palavras,
Ponha o braço sobre meu ombro
E vamos ali...
No bar da esquina
Tomarmos uma cerveja
E vivemos as reminiscências de nossas sinas.

Dalberto Gomes

1 Comments:

At setembro 04, 2006 11:43 PM, Anonymous Anônimo said...

Parceiros, assim eu morro de vontade de nunca mais trabalhar, só para me esticar em leituras lentas, musicadas de gente que me sabe por palavras inventadas. E eu também!
É bommmmmmmmmm

 

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