Crítico: o super homem da arte
Por Marcos Fiuza


Percebo que, nos dias de hoje, muitas pessoas estão se auto-intitulando críticos de arte. Acho interessante pensarmos o que viria a ser este ente supremo detentor de profundos conhecimentos, capaz de opinar e julgar qualquer tipo de manifestação artística.
Acredito ser a arte, um dos campos do saber mais complexos que existem, pois encontramos refletidos neste segmento uma infinita gama de saberes que extrapolam suas fronteiras, ou melhor, não extrapolam, pois não há fronteiras. Conceitos filosóficos, sociológicos, psicológicos, entre outros se unem para tentar trazer, à luz da interpretação, análises palpáveis e, muitas vezes, inatingíveis para nós. Dessa forma, como imaginar um ser humano capaz de, aos moldes do “homem renascentista”, dar conta de toda e qualquer representação artística? Penso que, por mais que possa parecer incompleto, acredito ser a “divisão de tarefas” o caminho mais propício a se traçar, de modo que consigamos chegar o mais próximo possível de um trabalho que realmente faça uma análise sólida de uma obra. É, sem dúvida, importante atentar para o fato de que por mais que tenhamos bons trabalhos em torno de uma composição artística, nunca conseguiremos esgota-la, pois ao trabalharmos com o objeto literário, trabalhamos com o “abstrato” e com a subjetividade em último grau.
Complementando estas considerações e tentando não ser mal interpretado, gostaria de deixar claro que, não acredito em um, como disse anteriormente, “super” crítico e realmente penso que os diversos “compartimentos” artísticos devem, sim, ter uma atenção particularizada por parte da crítica. Porém, é mais que fundamental ressaltar que, por mais que um crítico seja especialista em um determinado segmento, como por exemplo a literatura, não deve jamais, e eu disse JAMAIS, ater-se a estudar apenas ele como ser supremo e indelével. O crítico deve buscar conhecer e estudar a maior gama possível de vertentes artísticas, de modo que possa obter uma maior bagagem cultural. Isto é fundamental para uma boa análise do elemento artístico, já que, como foi dito, a obra de arte é ilimitada e composta por campos do saber diversos. Assim, fico aqui com estas palavras, e convido todos a pensar e levantar questões sobre a arte de maneira geral. Sei que esta coluna (LITERATUDO) dedica-se a trazer questões que giram em torno da literura, mas abrir este parêntese sobre a arte de maneira geral, acredito ser de grande relevância.

* Marcos Fiuza - Poeta, professor e pós-graduando em Literatura portuguesa e literaturas africanas de língua portuguesa - UFRJ mvfiuza@yahoo.com.br

3 Comments:

At dezembro 21, 2006 10:06 AM, Anonymous Anônimo said...

Grande Marcos! Como sempre interessante seu tema. O crítico - seria interessante até mesmo debulhar as múltiplas apropriações significativas deste termo - nem sempre é entendido, pois nem sempre sabe o que está a fazer. Muitos se perdem no labirinto da percepção sem atravessar ao menos algumas etapas que o olhar analítico requer. Como apontou com dedo arguto, é indelével que os interessados no fazer crítico tenham um conhecimento largo que permita uma gama grande de associações - universo paradigmático - para melhor desmembrar, desconstruir e reconstruir a obra.
Parabéns!
Daniel Paes

 
At maio 10, 2007 3:24 PM, Anonymous Anônimo said...

Li e reli várias vezes,um tema que deve ser sempre discutido,embora eu n saiba representar no palco a poesia eu admiro vcs.Ja a poesia cenica precisa ser poeta engajado na poesia ou que simplesmente encontre a forma.beijos. Tatiana Gonçalves.

 
At junho 11, 2007 9:47 PM, Anonymous Anônimo said...

a subjetividade literária é uma ilusão.

 

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