NÃO

Não me venha com gentilezas
que lhe trago a superfície.
Apenas isso e um beijo na boca.
Acorda, amigo.
Vamos lavar a roupa,
deixá-la secar sobre a grama,
ver as almofadas brancas.
Não se jogue sobre elas!
Vamos correr, os dois, debaixo do sol morno
antes que viremos só lembranças.

Elaine Pauvolid



APREENSIVO

O corpo vazio
Apreensivo
Segundos se esvaindo lentamente:
O tempo liquefeito
Suor gotejando na palma
Da mão silenciosa
Agitação estática do espírito
Imprevisível...

O corpo inerte
Compungido
As horas oscilando no relógio:
O tempo rotativo
A inquietude de cada movimento
Atentamente dispersivo
Todos os sentidos em descompasso
Numa pausa para tua espera.

David Cohen



Movimento inVerso

Palavras, palavras, lavras,
minha mente e desmentes
tudo que aparece como ilusão,
ou não,
talvez seja sonho
e sonho vira realidade.

Através da palavra,
no viés do verso, na rota
do movimento inverso,
voltar para colher os frutos,
dar a volta e tentar
tentar de novo,
tentar o novo,
tentar

Clauky Saba



Trava-Língua
(ou mais um poema que não consegui terminar)

O rei roeu o rabo do rato
Preso por desacato
A falta de autoridade
Que impera no reino

O rato farto do descaso
Imposto no decreto
Por falta de escolha
Entregou-se ao acaso

E na espera do próximo ato
O rato descrente
Na falta de aviso
Enlouquece de fato

O rei roeu o rabo do rato

Diego Tribuzy


NO FUTURO DO PRESENTE
( NU FUTURO )

Vou tomar coca-cola em comprimido
A luz vai ter peso
Todo livro será ouvido
Quem for livre estará preso
A morte será vendável
Na música a imagem valerá mais
A mulher totalmente descartável
Avião voará pra frente e pra trás

O orgasmo será na mente
Intelectuais auto implantarão chipes
Os burros vão ser dementes
Animais e flora só em vídeo clipes
Os feios serão doentes
Os professores lecionarão na tela
Militares prestarão favores
Os velhos comerão as belas
Guerras mundiais por qualquer disse-me-disse
Computadores com “informatices”
Roubos eletrônicos
Ladrões invisíveis e geniais
Pais desconhecidos de dnas
Gays ganharão filhos por trás
Mãe de laboratório, pai de mictório
Filhos nascidos da matemática
Triste ! o poeta vai perder a prática
Pra comer vão te dar lixo atômico.
Mendigos supersônicos
Pela Terra vão durar pouco
E lá na frente
Serei chamado de gênio e não de louco.

Marcelo Girard

2 Comments:

At maio 11, 2006 9:56 PM, Anonymous Anônimo said...

Putaquepariu!!!

Essa foi muito boa, cara!

 
At maio 13, 2006 12:55 AM, Anonymous Anônimo said...

Marcelo Girard, esse seu poema é fenomenal. Parabéns, mesmo!

 

Postar um comentário

<< Home