
E VESTIU-SE O MANTO DA TRISTEZA
Por Bruno N. F. Borja
1 X 0. Mais uma vez França. Era o fim do sonho do hexacampenato mundial de futebol. O sonho de um país inteiro. Sim, éramos um país de sonhadores. E, de repente, o apito do juiz veio como um despertador. Acordamos. Voltamos para a dura realidade de nossas vidas.
Éramos, pela primeira vez na história, a grande nação. Ou melhor, somos, de quatro em quatro anos, a grande nação. O brasileiro só é brasileiro de verdade, com orgulho de o ser, na copa do mundo.
E, vejam bem, não há nisto nenhum mal intrínseco. Não declaramos guerra a ninguém, não destratamos nossos turistas e vemos em qualquer terra estrangeira uma magia fascinante. Ou seja, somos uma pátria de humildes. Mas quando o assunto é futebol, aí não! Somos os mais orgulhosos do mundo.
Eis um traço da personalidade nacional: somos um país movido a futebol, samba e caipirinha. Qualquer cidadão brasileiro, do mais novo ao mais velho, mistura gelo, limão e açúcar com uma dose de cachaça melhor do que o melhor barman europeu. Ou americano, se quiserem. Do samba, nem se fala. Nosso carnaval é, sem dúvida, uma festa religiosa. Um compromisso com Deus e com todos os santos.
Mas, eu quero falar de futebol.
No ônibus da seleção estava escrito: “Monitorado por 180 milhões de corações brasileiros!” Não sei se havia o ponto de exclamação, mas deveria, por que era a mais pura verdade. Não nos utilizávamos de câmeras filmadoras, máquinas fotográficas nem singelos binóculos. Monitorávamos com o coração, com o órgão vital.
Aconteceu, porém, que nossos jogadores simplesmente não compreenderam a dramaticidade da situação. Somos um país que não declara guerra, joga futebol. E vemos, no futebol, a oportunidade para erguer a bandeira nacional, para cantar o hino nacional. Mas nossos jogadores não pensavam no orgulho da nação, pensavam na glória pessoal.
Ronaldo, o maior artilheiro de todas as copas. Cafu, com o maior número de jogos em copas. Roberto Carlos, a celebridade. Se estivessem lado a lado, os dois robertos, o jogador e o cantor, e alguém chamasse:
- Hei, Rei!
Nosso lateral esquerdo bateria no ombro do cantor e diria:
- Deixa que é comigo!
E nosso camisa dez? O melhor do mundo! Tão aclamado, tão amado em todo o globo terrestre. Onde Ronaldinho Gaúcho estivesse, lá estavam os flashes. E ele adorava. Ronaldinho não jogava bola, fazia propaganda. Em sua testa luzia a propaganda. E mais, sua testa brilhava mais do que outdoor.
Diante disto tudo, cada um dos 180 milhões de corações foi à janela recolher sua bandeira. Humilhado, dobrou sua bandeira, tirou sua camisa amarela e vestiu o manto sagrado da tristeza.
2 Comments:
I have been looking for sites like this for a long time. Thank you! Zoloft insomnia on The murmurs and gush band shirts Aircabin email marketing head of marketing aei car alarms auto alarm warning decals bast car alarm Variable digital printing magazine renault juli pornstar nude car alarm ring tone Autism and prozac http://www.free-ringtones-panasonic-x70.info/kelis-ringtone.html Bmw wheel alignment bimmerfest auto alarm legend ford Melayu pakai bikini reductil meridia hardcore pissing video amateur Ga children educational scholarships for individuals
Very cool design! Useful information. Go on! »
Postar um comentário
<< Home