Poesias






ESCOLHA TRÊS CARTAS

a carta amarga
avisa
por dentro do símbolo;
atesta
que a festa
suspira em último
um corte ríspido
no tempo.
a face
da carta oculta
traspassa
o que há na culpa
assassinada ao relento.
a imagem
que se destaca
cata
um por um
os instantes que pregam
em painel inscrito
a vida no infinito.

veja nesses ícones
o riso insolvível
no ácido da lágrima,
a interface
de grafismos
que assassinaram a morte.
consulte sua mão
que pode
escolher a esmo,
mesmo
movida a medo,
cores de sangue
ou
outro exangue enredo.

Carlos de Hollanda


na orquestra da palavra
esteja inteiro o violão
que sem um o vira viola
e sem o outro vira vilão.
mas se tira os dois já vira vila.
e eu,
involuntariamente aceito a cor da corneta e a cava do cavaquinho.
também,
o tamborim tava pelo meio e eu pensei que fosse tambor,
aí ele se fez de bumbo...
mas se tu me arrumasse um za agora,
eu arrumava mole mais um a e uma vareta pra nós montá uma zabumba.
e quem me salvaria assim... uma sanfona?
que suavemente percorra esse som !pum! de percussão,
que baile sorrateira arrancando sorrisos de rostos colados,
que arranque e carregue o pique e o repique do !pan! do pandeiro,
enfim,
que tudo isso junto me chacoalhe e me chocalhe.
axé!
bongô!
agogô!

Dudu Pererê



UMA PAUSA

Na paisagem oculta
da noite
a indecisão
um livro, uma canção
um blues.
O que a fala
não revela
o pulsar do ciúme
sem destino
último instante
um diário ferido

Almandrade



Um cheiro vagabundo ecoa no ar.
Um canto de um vão de um quarto nos arcos da lapa;
sombria e linda, que ecoa
os altos tambores aos altos senhores, os altos temores,
aos menos nobres
amores.
A lapa vagabunda,
que ecoa essa energia vivida,
de quem tem muito o quecontar,
aquela lapa malandra...
que não passa de uma criança...
com fome.
O cheiro vagabundo no ar;
a madrugada sonolenta de quem não consegue parar,
revirando pela cama,
o vendedor de trampo que talvez não saiba
amar!
Contorcem-se braços,
gargantas,
tranças,
entranhas,
gritos no ar,
aquele aceso quarto de dois mortos tentando sonhar,
alimentando-se de pele,
epiderme, mordida, ferida, tatuar,
marcar o primata artesanato
de quem nem pára pra pensar,
mora naquela lapa malandra
que é uma criança que tem tanta fome,
tanta fome, fome..fome... que nem pára pra amar.

Joanna Barros

Poeta

Debí correr no Cielo entero:
Oro de amor, loco, obrero
Invisible en Mundo, aparecido
En Sur que me deshiela...

Cuando nací morí primero,
Cuando morí viví un segundo.
Primero y no un segundo viví:
Animal, poeta puro.

Músico del futuro frío...
Iluminado, inclemente crío.
Pintor, escultor lúgubre de río:
Manumisor de Sonido.

Reinar escándalo, Comedia,
Disipar belleza que transtorna.
Vivir: Tocar a la que se transforma.
Constante e irredenta.

Crepitaciones te consumen
Poema, laberinto de ciego.
Poesía: Lumen que penetra himen.
Enigma del supere ego...

Salomon Valderrama



O que posso fazer?
Do que ficou, não resto
É toda uma ânsia.
Pratico o fim diariamente
Mas nestas tardes sinto-me belo
Vazio como tudo que é puro
Sem força alguma pra rir ou chorar
Mas nem é isto.
É que nestas tardes, como
Sou nada, sou música,
Trafego em espaços variados
De harmonia.
Depois tombo, o sol também
Tomba, vem lua, com ela
Todos os sonhos do mundo.
Finjo que durmo e planejo
O fim, sim, definitivamente.
Mas dá um trabalho!
Quanto mais vazio mais existo
Cada vez mais longe, penso
Que estamos juntos, eu e
A angústia do mundo,
mas ela me abandona
Todas as tardes

Renato Limão

2 Comments:

At setembro 04, 2006 11:34 PM, Anonymous Anônimo said...

Fala belos!
Meu DUDU - e é muito minha canção - na zabumba da vida, no meio de mortes e cartas de sorte,
esses textos te fatos nobres: é que essa revista é tudo de bom!
Mas não recebi avico de entrega, não! RECLAMÇÃO CARDÍACA.
bEIJOSSSSSSSSSSSSSS

maristela trindade

 
At setembro 08, 2006 4:16 AM, Anonymous Anônimo said...

Adorei o poema da joanna
bjos
vitinho

 

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